É a lenda suíça mais conhecida em todo o mundo. Guilherme Tell, especialista no manejo da besta, recusou-se a fazer uma vénia perante um chapéu com as cores da Áustria, colocado numa praça de Altdorf. Era uma obrigação imposta por Hermann Gessler, um autoritário governador austríaco.
Guilherme e o filho foram presos por terem desobedecido à lei do tirano. Como castigo, Gessler obrigou Guilherme a acertar com um arco numa maçã colocada na cabeça do filho. Se falhasse, Guilherme e o filho seriam mortos.A 18 de Novembro de 1307, na praça de Altdorf, Guilherme cumpriu o castigo: revelou a sua perícia como atirador, acertando na maçã, sem ferir o filho. Mas trazia uma segunda flecha, que confessou ser para atirar ao coração de Gessler caso falhasse o primeiro disparo e matasse o filho. O tirano enviou Tell para a prisão, mas na viagem de barco uma tempestade ameaçava a segurança da tripulação. Tell foi visto como o único que podia salvar os tripulantes. Assim foi: conduziu o barco em segurança, mas esperou pela oportunidade e matou o governador com a sua besta.O suposto acto de Guilherme Tell foi entendido por muitos como precursor das lutas que formariam a Antiga Confederação Helvética. Mas a figura tem sido contestada por historiadores, sendo hoje consensual que a história não passa de um mito, sem fundamento histórico. “Absolutamente. Não é preciso mais debate”, vinca Roger Sablonier, professor de história da Idade Média na Universidade de Zurique. Sablonier entende que o mito foi sendo utilizado pelas autoridades suíças ao longo da história. “Por todos os quadrantes [políticos]”, reforça. Mesmo assim, um inquérito de 2006 revelou que 36% dos suíços acreditavam que Tell existiu mesmo (58% consideravam que se trata de uma lenda). O mito de Tell é visto por muitos como parte da identidade nacional. “A figura de Tell pode ser usada a favor dos direitos humanos ou nas aspirações ‘eternas’ de liberdade, coragem e na legítima resistência face ao poder desumano. É, por isso, ideal para a humanidade em geral”, diz Roger Sablonier, que destaca a “grande importância” de “Wilhelm Tell” do dramaturgo Friedrich Schiller para a “mentalidade suíça”.
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